Futebol feminino: clubes cedem escudo, mas apoio é público

Publicado em 11/09/2015 - 05:30 Por Camila Maciel - São Paulo

Confira o terceiro e último capítulo da série especial "Donas da bola: o futebol feminino no Brasil", uma produção da Agência Brasil, em parceria com a Radioagência Nacional. Acesse também a versão online da reportagem aqui.

 

***

O time de futebol feminino da Marinha do Brasil já foi do Vasco, do Botafogo e, hoje, é do Flamengo. Foram três clubes em menos de cinco anos.

 

Mas não é só a equipe das Forças Armadas que recorre aos times vinculados às federações para poder disputar campeonatos locais ou nacionais. A equipe feminina da Ferroviária, time da cidade paulista de Araraquara, também irá disputar o Brasileiro Feminino carregando o escudo do clube. Mas, na prática, o apoio vem da prefeitura e de patrocinadores.

 

Embora não utilizem a mesma infraestrutura disponível para os homens e não recebam recursos, as mulheres herdam a apaixonada torcida dos clubes tradicionais.

 

Leonardo Mendes, treinador da equipe, avalia que é importante para o feminino levar o nome da Ferroviária.

 

Sonora: “Mesmo não tem contribuição financeira, acaba desenvolvendo bastante porque muita gente vai assistir os jogos devido a ligação que tem pela Ferroviária”.

 

A ajuda de custo das atletas é paga pela prefeitura e varia entre cento e cinquenta e mil e duzentos reais. A falta de recursos é a justificativa do clube para não manter um departamento de feminino.

 

Sonora: "A ferroviária não tinha estrutura necessária e quadro de funcionário para poder suportar mais uma modalidade, que seria o futebol feminino. O futebol feminino já existia na prefeitura e para disputar o Campeonato Paulista e o Brasileiro, ele precisava de algumas coisas que a Ferroviária pôde ajudar. Então, a Ferroviária contribuiu nesse sentido para um projeto que já existia na prefeitura"

 

Neste ano, o masculino da Ferroviária subiu para a elite do futebol paulista e, caso se saia bem, poderá disputar o Brasileiro.

 

O time da Marinha existe desde 2009 e, desde então, faz parcerias com clubes para disputar campeonatos de federação. De acordo com as Forças Armadas, a proposta é manter as atletas em bom ritmo para disputar jogos militares, como, por exemplo, o Mundial que ocorrerá na Coreia do Sul.

 

Sobre a mudança frequente de clubes, a Marinha informou que a parceria é firmada para um ano, que é o tempo suficiente para reavaliar o contrato.

 

O Flamengo assume os compromissos junto à federação e fornece os materiais com a marca do clube, como as camisas. A Marinha é responsável pelos custos com a atletas, como salários,  fisioterapia, local de treinamento e alimentação.

 

A pesquisadora sobre o tema mulher e esporte, Silvana Goellner, avalia que a falta de empenho dos clubes no investimento do futebol feminino é uma questão central para o desenvolvimento da modalidade.

 

Sonora: “São raros os clubes que mantêm o departamento feminino por muito tempo e há rotatividade de clubes, conforme competição. Veja o exemplo do São Paulo, que acabou de anunciar que vai encerrar a equipe, apesar de estar disputando a final do Campeonato Paulista. Empresta a camisa, empresta o nome, mas não agrega dentro da infraestrutura do clube”

 

A professora lembrou que a Medida Provisória do Futebol, que prevê a responsabilidade fiscal e financeira dos clubes e detalha regras para parcelamento de dívidas, contemplou o futebol feminino como uma das contrapartidas. Ela avalia, no entanto, que a medida sofrerá resistências na implementação. A MP foi sancionada no início de agosto deste ano.

 

Série Especial: Donas da bola: o futebol feminino no Brasil
Capítulo três: O papel dos clubes e do Poder Público


Reportagem: Camila Maciel
Sonorização: Priscila Resende
Edição: Beatriz Pasqualino
Coordenação: Lílian Beraldo, Juliana Cézar Nunes e André Muniz
Esta é uma produção da Agência Brasil, em parceria com a Radioagência Nacional.

Últimas notícias
Geral

Favela Bairro deixou legado na infraestrutura do Rio de Janeiro

O programa foi implementado em 1994 e extinto em 2008. Calcula-se que, no total, mais de 150 comunidades foram contempladas por algum tipo de obra. 

Baixar arquivo
Saúde

Dengue: vacinação pode levar até 8 anos para reduzir transmissão

Diretor-geral da Organização Pan-americana da Saúde destacou que, por se tratar de uma vacina recém-aprovada por agências de vigilância sanitária, é importante que os sistemas de saúde nas Américas monitorem o cenário.

Baixar arquivo
Economia

Banco Central revisa para cima expectativa de aumento do PIB

A economia deve crescer ainda mais neste ano, de acordo com o Banco Central. No Relatório de Inflação, publicado nesta quinta-feira (28), a entidade revisou a expectativa de aumento do PIB de 1,7 para 1,9%.

Baixar arquivo
Geral

Morro da Capelinha terá 150 mil fiéis para acompanhar via-sacra no DF

A programação começa nesta quinta-feira com a encenação da Última Ceia . Na sexta, a Paixão de Cristo começa às 14h. 

Baixar arquivo
Economia

Turismo no carnaval gera mais de R$ 2,3 bilhões para o Rio de Janeiro

O valor considera despesas com hospedagem, restaurantes, entretenimento e compra de produtos. Entre os entrevistados, 92% estavam na cidade, entre os dias cinco e 19 de fevereiro, por lazer, férias e atraídos pela folia.

Baixar arquivo
Geral

Governo do Rio pede manutenção da Força Nacional em rodovias do estado

Cerca de 300 agentes participam de operações nas rodovias federais fluminenses desde outubro do ano passado, em cooperação com a Polícia Rodoviária Federal e as forças de segurança do estado.

Baixar arquivo