Campanha quer evitar acidentes com escalpelamento no Pará
Publicado em 24/08/2015 - 10:09 Por Graziele Bezerra - Brasília
Começa nesta segunda (24), e vai até a próxima sexta-feira, em Belém, no Pará, uma campanha de combate ao escalpelamento. A mobilização quer alertar a população ribeirinha sobre os riscos deste acidente.
Entre as ações da campanha, a promotora de Justiça Suely Catete, da Comissão de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento no Pará, destaca o trabalho direcionado aos barqueiros, para incentivar a cobertura do eixo do motor das pequenas embarcações.
Sonora: "A Marinha fornece essas coberturas de forma gratuita, só que infelizmente muitos não aceitam ou aceitam e depois retiram porque acham que dificulta a retirada de água nas pequenas embarcações."
O escalpelamento ocorre quando o eixo de um barco, em rotação, enrosca os cabelos de uma pessoa, arrancando bruscamente. Em muitos casos, além de ter os cabelos arrancados, a vítima sofre lesões nas orelhas e sobrancelhas. Segundo a promotora, só no primeiro semestre de 2015 o Pará registrou 6 vítimas desse acidente.
Sonora: "Se não foi a última, foi a penúltima vítima, foi uma criança, a avó estava sentada perto do motor e resolveu deitar a cabeça da criança com o cabelo solto. Aí achou que nunca ia acontecer. Esse é o grande problema: as pessoas acharem que nunca vai acontecer."
Há quatro anos, a assistente social Maria Cristina dos Santos apoia uma organização não-governamental que atende ribeirinhos vítimas de acidentes com motor, a Orvam. Para ela, o maior problema enfrentado pelas mulheres escalpeladas é o preconceito.
Sonora: "Às vezes, os familiares abandonam essas mulheres, essas crianças... maridos que abandonaram suas esposas, namorados que abandonaram as namoradas. Aquela mulher já passou por uma situação tão delicada e ainda foi abandonada pela família porque a família não teve estrutura emocional pra trabalhar junto com a mulher essa problemática. isso é o mais dolorido."
Segundo levantamento da Orvam, o Pará registrou oito casos de escalpelamento entre os meses de junho e agosto, na capital e no interior do estado. Entre as vítimas, um caso raro: um menino, de nove anos.