“Gran Fury: a arte não é bastante” discute crise da Aids nos EUA

Programação anual do Masp se dedicará às histórias de diversidade

Publicado em 24/02/2024 - 08:30 Por Joana Côrtes - repórter da Rádio Nacional - São Paulo

O Masp – Museu de Arte de São Paulo – apresenta pela primeira vez na América Latina a exposição do coletivo norte-americano Gran Fury: arte não é o bastante.

Aberta nessa sexta-feira (23), a mostra reúne cartazes, jornais, adesivos, fotografias, comerciais de televisão e outdoors sobre o HIV/Aids. Foi com essas intervenções gráficas que o grupo de artistas de Nova York se tornou referência do ativismo artístico nas décadas de 1980 e 1990.

O curador da exposição, André Mesquita, explica que com campanhas visuais ousadas e irreverentes, o Gran Fury – que significa grande fúria, em tradução literal – fazia críticas públicas contra o silêncio e a negligência do governo americano à crise do HIV/Aids.

“Primeiro porque o Gran Fury tem uma importância fundamental pra gente pensar a questão da arte e do ativismo, principalmente nos anos 80 e 90. Uma contribuição visual, uma prática artística muito importante, que influenciou muitos coletivos e movimentos que vieram posteriormente. Segundo que ele está tratando de um tema, de uma memória de uma epidemia que aconteceu há 30 anos, mas que deve ser lembrada. E lembrada como um lugar dessa comunidade, da comunidade LGBTQIA+”, explica o curador.

Entre os anos 1988 e 1995, o coletivo de artistas questionou com suas obras espalhadas pelo transporte público, pelos muros e pelas ruas, dados subnotificados do governo americano, a moralidade de instituições religiosas e a cobertura de uma mídia preconceituosa.

Quem visitar a exposição, que ficará em cartaz até junho, terá a chance de conhecer um pouco mais dessa história da produção artística desse grupo que ousou, com arte e criatividade, defender os direitos da população LGBTQIA+.

A estudante de moda Henri Barbosa foi uma das que aproveitaram o primeiro dia de exposição para saber mais um pouco dessa trajetória. Mineira de Uberlândia, Henri faz parte de uma geração que estava nascendo, quando o Gran Fury já encerrava a sua atuação.

“É uma realidade longe da gente, pela época que isso ocorreu, mas é tão contemporâneo a questão de olhar pra aids com outro olhar, olhar os grupos que hoje em dia fazem parte das estatísticas que têm mudado, das pessoas LGBTQIAPN+, que antes eram grupo foco da questão, do preconceito, com relação à aids e hoje em dia isso tem migrado pra população heterossexual, principalmente branca, que às vezes não teve educação sobre esse assunto. Então, é muito contemporâneo, é um novo alerta, do passado, sobre essas questões de saúde pública”, aponta.  

A exposição Gran Fury: arte não é o bastante integra a programação anual do Masp que este ano se dedicará às histórias da diversidade LGBTQIA+. A programação de 2024 também inclui mostras sobre Mário de Andrade, Leonilson, serigrafistas queer e uma grande coletiva sobre histórias da diversidade LGBTQIA+.

Edição: Jacson Segundo / Fran de Paula

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