Após 25 anos, Massacre do Carandiru não teve condenações

Justiça

Publicado em 02/10/2017 - 12:43 Por Eliane Gonçalves - São Paulo

Era um domingo, dia de visita, quando alguns presos do Pavilhão 9 do Complexo do Carandiru começaram a brigar por conta de um jogo de futebol.
 

Seria apenas mais um tumulto no presídio que ficava na zona norte da capital paulista, não fosse a operação policial autorizada pela Secretaria de Segurança para conter a confusão ter acabado com 111 pessoas mortas. O dia 2 de outubro de 1992 entrou para a história como o dia do maior massacre em um presídio no Brasil.
 

Vinte e cinco anos depois, nenhuma pessoa foi responsabilizada pela chacina. O resultado do Tribunal do Júri, que chegou a condenar 73 policiais militares em setembro do ano passado, foi anulado pela 4ª Câmara do Tribunal do Júri de São Paulo alegando que não havia elementos para apontar as responsabilidades de cada um dos acusados. O desembargador Ivan Sartori chegou a negar que foi um massacre.
 

Já David Orestes foi condenado por assalto. Cumpriu pena entre 1974 e 1994 no Complexo do Carandiru. Ele viu o que aconteceu e não tem dúvidas na hora de dizer o que foi.”

 

Sonora: “Massacre, né. Massacre é um crime quase igual um crime contra a humanidade, quase igual. Não tem desculpa.”
 

O Ministério Público de são Paulo entrou com recurso contra a decisão da Justiça que anulou a condenação, e a previsão dos procuradores que cuidam do caso é de que, até abril do ano que vem, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai definir quem está com a razão: se os jurados que condenaram os policiais em 2013 ou os desembargadores que anularam a sentença. A previsão da procuradora Sandra Jardim é de que, em dois anos, será possível ter um resultado definitivo para esse processo.
 

Sonora: “A nossa projeção é que isso, em dois anos, a nossa projeção, a nossa expectativa. E nós vamos fazer de tudo para que essa expectativa vingue. Mas eu não vou garantir. Pode ser daqui a dois anos, pode ser daqui quatro, pode ser daqui cinco. O que eu posso te dizer é que o tempo só é benéfico para a impunidade”
 

Depois de 25 anos, o sentimento de impunidade parece já ter se concretizado para quem sobreviveu ao massacre. É o caso de David Orestes. Hoje, com 72 anos e depois de ter cumprido 20 anos de regime fechado e 10 em liberdade condicional, ele vive em Osasco, trabalha em uma comunidade religiosa da cidade e sobrevive com a ajuda do benefício de prestação continuada, a Loas. Ele discorda da ideia de que as pessoas no Brasil não paguem pelos seus crimes.
 

Sonora: “No Brasil tem pena sim. A pessoa que comete um crime vai preso sim.”
 

Mas já não acredita que os responsáveis pelo massacre vão ser condenados.
 

Sonora: “Eu acredito que eles não vão ser presos. Eu acredito que não. A Justiça não é igual pra todos, né? Ou é desigual.”
 

Os crimes de homicídio do massacre do Carandiru vão prescrever em 13 anos, em fevereiro de 2030. Os outros crimes como tentativa de homicídio e lesão corporal já prescreveram.

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