CNDH: cobertura do conflito no Oriente Médio deve ser equilibrada
Recomendação será enviada a veículos de comunicação de todo o país
Publicado em 13/11/2023 - 22:45 Por Eliane Gonçalves - Repórter da Rádio Nacional - São Paulo
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) aprovou uma recomendação para a cobertura jornalística do conflito entre Israel e a Palestina.
O texto pede que os jornais impressos, digitais e, principalmente, TVs e Rádios, que administram concessões públicas de radiodifusão, garantam maior diversidade de vozes e equilíbrio de fontes na cobertura do conflito.
O texto foi proposto pela Comissão de Direito à Liberdade de Expressão e à Comunicação do Conselho, depois de uma denúncia da Frente em Defesa do Povo Palestino, o texto foi aprovado por unanimidade, como contou o presidente do CNDH André Carneiro Leão.
Norian Segatto, diretor da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), e membro do CNDH, disse que em média 80% das reportagens veiculadas no Brasil sobre o conflito apresentam uma visão parcial.
A recomendação aprovada pelo Conselho também pede que sejam evitados o uso de expressões que possam aumentar o preconceito a religiões ou grupos étnicos, como por exemplo o qualificativo de extremista ou terrorista que vem sendo aplicado em várias reportagens para se referir ao Hamas.
O Conselho também recomenda que os veículos de comunicação parem de tratar o conflito com a expressão Israel versus Hamas, o que, segundo o Conselho, esconde um histórico de 75 anos de ocupação israelense dos territórios palestinos.
Para justificar a decisão, o Conselho toma como referência o número de mortos na Palestina, especialmente, crianças. Até essa segunda-feira, quase 12 mil pessoas morreram na Palestina. Sete a cada 10 mortes são de crianças.
Outra referência são as Organizações de direitos humanos como Anistia Internacional, Human Rights Watch e mesmo organizações israelenses como a B'Tselem que nomeam a ocupação da Palestina por Israel como um regime de apartheid, inclusive com a construção de um muro de 9 metros de altura e 760 quilômetros de extensão, o dobro da altura do antigo muro de Berlim e cinco vezes maior em extensão.
A recomendação está sendo enviada para os veículos de comunicação do país, incluindo os da EBC.
Edição: Sheily Noleto / Pedro Lacerda