Pnad mostra que mulheres dedicam 10 horas mais a cuidados domésticos que homens

Pnad Contínua 2019

Publicado em 04/06/2020 - 13:00 Por Raquel Júnia - Rio de Janeiro

Mais de 10 horas. Essa continua sendo a quantidade de tempo que diferencia a dedicação de mulheres e homens aos afazeres e cuidados domésticos no Brasil. Cabe a elas a maior jornada.

 

Os dados, que continuam evidenciando a grande desigualdade entre os gêneros nesse tipo de tarefa, mesmo antes da pandemia do coronavírus, estão no suplemento "Outras Formas de Trabalho",  da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (4) pelo IBGE.

 

A pesquisa mostra, no entanto, que a participação dos homens nos afazeres domésticos é crescente: a taxa subiu 6,7 ponto percental entre 2016 e 2019, período em que a taxa de homens que realizavam essas tarefas subiu de 71,9% para 78,6%.

 

Mesmo assim, as mulheres não só continuaram sendo as que mais se dedicam a esses trabalhos, como também tiveram participação crescente, com um salto de 89,9% em 2016 para 92,1% em 2019.

 

A analista do IBGE e responsável pela pesquisa Alessandra Brito destaca que, em 2019, as mulheres trabalharam em casa quase o dobro do que os homens por semana.

 

Sonora: “A pesquisa mostrou que, em 2019, 31,6% da população do país realizou algum tipo de cuidado de pessoas, sejam de crianças, idosos, enfermos ou deficientes. A taxa de realização de cuidados é maior entre as mulheres, 36,8%, 10,9 pontos percentuais acima da taxa de homens, que era é de 25,9%. Em média, os homens dedicavam a afazeres e cuidados, semanalmente, 11 horas, enquanto as mulheres dedicavam, em média, 21,4 horas. Ou seja, nós temos as mulheres dedicando, em média, 10,4 horas a mais em atividades de afazeres e cuidados.”

 

A comparação entre mulheres e homens ocupados no mercado de trabalho apontou que elas trabalharam 18,5 horas e, eles, 10,4 horas. Entre mulheres e homens não ocupados, a diferença foi de 24 horas semanais para as mulheres contra 12,1 horas para os homens.

 

A pesquisa identificou também mais uma vez a desigualdade racial. Entre as brasileiras, são as pretas e pardas são as que mais assumiram as tarefas de cuidado do lar.

 

Sonora: “Quando a gente analisa o cuidado de pessoas, a gente vê que existe diferença, sim, entre mulheres de cor preta e parda, com taxas maiores, em torno de 39%, enquanto as mulheres de cor branca têm uma taxa de realização de cuidados menor, 33,5% em 2019.”

 

A Pnad mostra que a instrução também é um fator que diferencia as horas dedicadas aos cuidados e afazeres domésticos. Quanto maior a escolaridade, maior a taxa de realização dessas tarefas, especialmente entre os homens.

 

Nas mulheres, a taxa entre as que têm o ensino médio completo e superior completo é pouco diferente, de 93,9% e 93,4%, respectivamente. Já entre os homens, as taxas de realização são de 81,7% entre aqueles com médio completo e 85,7%, entre os que têm superior completo.

 

O suplemento do IBGE traz, ainda, informações sobre quem são as pessoas que estão sendo cuidadas nos domicílios. O número de familiares que se dedicavam a cuidados de indivíduos de 60 anos ou mais saltou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões pessoas em 2019. Ao mesmo tempo, diminuiu a quantidade daqueles que cuidam de crianças até 5 anos, como detalha Alessandra Brito.

 

Sonora: “De 2018 para 2019, aumentou o cuidado de idosos, chegando a 10,5% das pessoas que realizaram cuidados ou fizeram para pessoas de 60 anos ou mais de idade. A única faixa que houve redução no período, foi o cuidado de crianças de 0 a 5 anos, que ficou em 49,2% das pessoas que realizaram algum tipo de cuidado.”

 

A pesquisa aponta que o percentual de pessoas que cuidam de idosos foi maior em estados do Nordeste. No Sul e Sudeste, se destacaram também o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul entre aqueles com o maior percentual de cuidados de idosos. O Nordeste também apresentou a menor taxa de realização de afazeres domésticos entre os homens, 69,2%, enquanto entre as mulheres a taxa foi de 90,2%, uma diferença de 21 pontos percentuais.

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