Na Trilha da História: O contexto político nas eras de três Pedros que fizeram história no Brasil

Na Trilha da História

Publicado em 07/06/2017 - 13:55 Por Apresentação Isabela Azevedo - Brasília

Olá, eu sou a Isabela Azevedo e está começando mais um Na Trilha da História! Hoje, nós vamos conversar sobre três Pedros que se tornaram protagonistas da História do Brasil: Pedro Álvares Cabral, dom Pedro I e dom Pedro II.

 

Um foi descobridor, outro libertador e o terceiro, construtor do Brasil. Três Pedros com personalidades e papéis muito diferentes. Nosso entrevistado é o professor do Departamento de História da Universidade de Brasília, Antônio Barbosa. E nosso papo começou por Pedro Álvares Cabral, que recebeu a missão de refazer a viagem de Vasco da Gama rumo às Índias. Mas ordenou um desvio no meio do caminho, provavelmente já sabendo o que iria encontrar. Por que ele foi escolhido para liderar a esquadra?


Sonora: "É alguém que é de família importante no reino e ele sabe, ele tem consciência da função estratégica que o reino estava lhe dando naquele momento para consolidar a presença lusitana no oriente. E aproveitando a viagem, afastar-se da rota que normalmente teria de ser percorrida para as Índias, para fixar a presença portuguesa nesse lado do Atlântico pra dizer 'esse território é meu'".


Pouco mais de três séculos depois, entra em cena nosso segundo Pedro: o príncipe português que se tornou o primeiro imperador do Brasil.

 

Sonora: "Já se criou em torno dele uma espécie de esteriótipo de como seria dom Pedro, um fanfarrão, um mulherengo, sujeito que gostava d aproveitar a vida, tudo isso é real, mas o mais importante é saber o papel histórico que dom Pedro vai representar. E quando eu falo de papel histórico, eu falo da atuação política dele.”


De personalidade expansiva, Pedro de Alcântara conseguiu o apoio das elites de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e enfrentou as ameaças portuguesas de restringir a autonomia do Brasil. E foi além! Proclamou a independência em 7 de setembro de 1822, tornando-se dom Pedro I.


Sonora: "É esse o dom Pedro que chega ao Poder aqui no Brasil, alguém que foi culturalmente preparado para ser o manda-chuva, para ser o rei absolutista. É alguém que vai ter de governar um nascente país que não está mais subordinado à ordem absolutista: um país que vai ter um parlamento, que vai ter eleições e, acima de tudo, um país que vai ter constituição. E aí ele não consegue. Esse é o detalhe. Eu acho que o grande dilema de dom Pedro I foi viver numa época histórica para a qual ele não tava preparado.”


Em 1831, ele perde de vez a sustentação política e decide renunciar em favor do filho, nosso terceiro Pedro, que tinha apenas cinco anos de idade na época. Com o pai de volta a Portugal, Pedro II se vê sozinho com as irmãs, os livros e os tutores.


Sonora: "Ou seja, desde que nasceu ele foi preparado, moldado para ser um futuro imperador. Ele estudava, aprendia boas maneiras, aprendia idiomas. Dom Pedro II praticamente não teve pais. A mãe morreu cedo, o pai voltou muito cedo pra Portugal e pouco depois faleceu. Então, na verdade, tutores que vão ser responsáveis pela formação de Pedro II. E eu diria que essa formação não é apenas educacional, ela é cultural, mas é também pessoal. Ou seja, vão sendo incutidos nele valores para alguém que teria que ser talhado para ser imperador do maior país da América do Sul. Isso privou dom Pedro II de ter infância. E muito cedo ele se viu colocado a frente do governo."


O Brasil vive, então, um período regencial, quando alguns homens governaram no lugar do menino Pedro, que só deveria assumir o trono com 18 anos./ Mas os regentes também perderam sustentação política e o golpe da maioridade colocou um rapaz de apenas 14 anos no comando do país. Dom Pedro II foi o homem que por mais tempo esteve da liderança do Brasil: 48 anos, sem contar o período da regência.


Sonora: "A maior contribuição que Pedro II deixou foi exatamente a consolidação do Brasil como um país integrado. Nós tínhamos todas as condições de nos fragmentarmos nos primeiros anos da independência, como aconteceu na América espanhola. Então, nesse sentido, eu acho que Pedro II representou um papel importantíssimo não apenas como chefe do Poder Executivo, como alguém que fazia uso do Poder Imperador, mas pelo caráter simbólico que ele representava. Ou seja: na figura do imperador estava o símbolo da unidade nacional."

 

Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História. O episódio completo tem 55 minutos e traz, além da entrevista na íntegra com o historiador Antônio Barbosa, músicas relacionadas ao nosso tema. Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. E se você quiser mandar uma sugestão para o programa, nosso e-mail é culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!

 

 

 

 

Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula. Tem periodicidade semanal. Acesse aqui as edições anteriores.

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