Estudo revela impacto da pandemia em favelas do Rio de Janeiro
Publicado em 27/09/2021 - 17:42 Por Cristiane Ribeiro - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro
Mais da metade, 54%, dos moradores da Cidade de Deus, na zona oeste, e dos complexos do Alemão e da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, perderam seus empregos com a pandemia de covid-19. E dos 62% que solicitaram o auxílio emergencial oferecido pelo governo federal, somente 52% receberam. Entre os desempregados, 26,8% são negros.
Os dados, divulgados nesta segunda-feira, são da pesquisa "Coronavírus nas favelas: a desigualdade e o racismo sem máscaras", realizada pelo Coletivo Movimentos e que analisou os impactos da pandemia da covid-19 no Complexo do Alemão, Complexo da Maré e Cidade de Deus.
A operadora de telemarketing Miriam Nunes, de 21 anos, moradora do Complexo do Alemão, está entre os que ficaram desempregados e teve que se reinventar vendendo doces para sobreviver.
A pesquisa aponta que 69% dos moradores dessas comunidades presenciaram ou souberam de operações policiais nessas três favelas durante a pandemia, mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir operações policiais em favelas nesse período.
Para Thaynara Santos, coordenadora de comunicação do Coletivo Movimentos, os relatos revelam o descaso do poder público para com os moradores de favelas e periferias das grandes cidades.
A Polícia Militar informou que as operações realizadas pela corporação estão alinhadas à decisão do STF e que são previamente comunicadas ao Ministério Público do estado e podem ser acompanhadas em tempo real pelos promotores. E destaca que o trabalho tem sido decisivo para a redução contínua dos indicadores criminais.
A pesquisa mostra, ainda, que 63% dos moradores dessas comunidades ficaram sem água no período mais crítico da pandemia. A Cedae informou que no ano passado instalou mais de 30 sistemas alternativos de abastecimento em 27 comunidades cariocas, inclusive na Maré e na Cidade de Deus e que atualmente o abastecimento está normalizado nas regiões onde foi feita a pesquisa.
Os pesquisadores ouviram 955 pessoas entre setembro e outubro do ano passado. Entre os entrevistados, 93% disseram conhecer alguém que teve covid-19 e 73% souberam de alguém que morreu da doença.
Edição: Nádia Faggiani / GT Passos