Unicef: pandemia afeta saúde mental de crianças e adolescentes
Relatório aponta que 19% se sentiram deprimidos
Publicado em 05/10/2021 - 11:15 Por Eliane Gonçalves - Repórter da Rádio Nacional - São Paulo
A pandemia de covid-19 vai deixar marcas profundas na saúde mental das crianças e adolescentes em todo o mundo. Esse é o alerta do relatório sobre saúde mental divulgado nessa segunda-feira (4) pelo Unicef.
Um estudo preliminar, realizado em 21 países, mostrou que durante a pandemia 19%, quase um a cada cinco adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos, muitas vezes se sentiram deprimidos ou com pouco interesse em fazer as coisas. No Brasil, o índice ficou um pouco acima da média, 22%.
O relatório calculou que em todo o mundo mais de uma a cada sete crianças ou adolescentes entre 10 e 19 anos vive com algum transtorno mental já diagnosticado.
Isolamento social, restrições de mobilidade, quebra de rotina e escolas fechadas por um longo período ajudaram a alimentar as angústias que já existiam, mas que antes podiam ser percebidas no convívio social, como explicou o coordenador do programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil, Mario Volpi.
Foi durante o vestibular, em plena pandemia, que Rebeca Bassi, de 18 anos, percebeu o quanto a saúde mental tem impacto no cotidiano.
Rebeca acabou passando em dois vestibulares e hoje estuda jornalismo em uma universidade privada no Rio de Janeiro e ciências sociais na UFRJ. E foi como estagiária de comunicação que ajudou a criar o Movimento Saber Lidar Jovem, que usa as redes sociais para alertar outros estudantes sobre o problema.
O sofrimento psíquico não é banal. Segundo a OMS, é esse sofrimento que faz o suicídio ocupar o quarto lugar da causa morte de jovens entre 15 e 29 anos. No Brasil, o cenário já vinha se agravando antes mesmo da pandemia. Entre 2010 e 2019, segundo o Ministério da Saúde, a taxa de suicídios entre pessoas de 15 a 19 anos quase dobrou, cresceu 81%.
Segundo o relatório do Unicef, cerca de 2% dos orçamentos governamentais de saúde são alocados para gastos com saúde mental em todo o mundo. Em compensação, o relatório calcula que os transtornos mentais entre jovens devem impactar na economia com a perda de até 390 bilhões de dólares por ano.
Edição: Roberto Piza/ Renata Batista