Pandemia de covid-19 expôs desigualdades do Brasil

SUS cobriu 70% das internações, segundo estudo da Fiocruz

Publicado em 18/12/2023 - 20:33 Por Daniella Longuinho - repórter da Rádio Nacional - Brasília

A covid-19 expôs as desigualdades socioeconômicas e de saúde no Brasil: poder aquisitivo, raça e localidade afetaram o atendimento. 

A pandemia também mostrou a importância e as fragilidades do Sistema Único de Saúde, apontando a necessidade de mais investimentos na rede pública. 

As conclusões são do artigo 'Mortalidade hospitalar por covid-19: o Brasil de 2020 a 2022', assinado por cinco pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. 

De acordo com o estudo, as variações na mortalidade de pacientes internados pela doença estiveram associadas não somente à faixa etária e à gravidade do caso, mas também a desigualdades sociais, regionais e no acesso ao cuidado de boa qualidade. 

Os resultados apontaram que mais de 70% das internações por covid-19 no Brasil foram cobertas pelo SUS, que atendeu grupos populacionais mais vulneráveis. 

No entanto, o Sistema Único de Saúde apresentou pior mortalidade hospitalar. Em geral, os hospitais privados e filantrópicos não pertencentes ao SUS, em sua maioria reembolsados por planos privados de saúde acessíveis às classes mais privilegiadas, apresentaram melhores resultados. 

A Região Sul do Brasil teve o melhor desempenho entre as macrorregiões, e a Norte, o pior desempenho. Indivíduos negros e indígenas residentes em municípios de menor IDH, que é o Índice de Desenvolvimento Humano, e internados fora de sua cidade de residência apresentaram maiores chances de morrer no hospital. 

O estudo mostrou também que as taxas ajustadas de mortalidade hospitalar foram mais altas no pico da pandemia e foram reduzidas, de forma significativa, após a vacinação contra covid-19 atingir uma cobertura razoável, a partir de julho de 2021. 

Além disso, apontou para maior mortalidade hospitalar por covid-19 entre pessoas pretas em todas as regiões do Brasil, e indígenas, nas regiões Norte e Centro-Oeste. 

A pesquisa foi realizada com base em dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe, do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, do Sistema de Informações Hospitalares do SUS e do IBGE.  

 

Edição: Bianca Paiva / Fran de Paula

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