Retrospectiva 2023: imunização é o grande foco das políticas de saúde

Depois de anos de queda nos índices vacinais, e do discurso negacionista se espalhando de maneira perigosa, finalmente o Brasil começou a reconquistar o título de país das vacinas em 2023. Houve crescimento nas taxas de vacinação contra hepatite A, poliomielite e febre amarela e também das vacinas pneumocócica, meningocócica, DTP e tríplice viral. A ministra da Saúde, Nisia Trindade, ressaltou que apesar das metas ideais ainda não terem sido alcançadas, os números já mostram a reversão da tendência de queda.

A imunização foi o grande foco das políticas públicas de saúde este ano. Logo em fevereiro, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação. A apresentadora Xuxa voltou a estrelar uma campanha ao lado do grande herói nacional, o Zé Gotinha.

Além disso, houve grande investimento nas estratégias de microplanejamento, para atender as necessidades de cada município e garantir que a retomada ocorresse em todo o país. Com isso, o número de cidades que alcançaram a meta de 95% de cobertura das vacinas do calendário infantil chegou a 2.100, um aumento de cerca de 30%. E essa melhora já ajudou o Brasil a controlar os surtos de sarampo. O diretor da Organização Panamericana de Saúde, Jarbas Barbosa, acredita que em 2024 o Brasil deve recuperar o certificado de erradicação da doença.

O ano também trouxe novidades na oferta de vacinas. O imunizante contra a covid-19 foi incluído no calendário de rotina das crianças, com dose de reforço para idosos e públicos prioritários, como gestantes e trabalhadores da saúde. A Anvisa também aprovou o uso em território nacional da tão aguardada vacina contra a dengue. Por enquanto, a QDenga, produzida por uma fabricante japonesa, está disponível apenas na rede particular, mas a sua inclusão no Programa Nacional de Imunizações do SUS já foi aprovada e deve ocorrer em breve. E os dados mostram como a vacinação é urgente. Os casos de dengue aumentaram 15,8% no Brasil em 2023: foram cerca de 1,6 milhão de registros, com mais de mil óbitos.