Na Trilha da História: Uma saudosa entrevista com o jornalista Carlos Chagas sobre o golpe de 64

Na Trilha da História

Publicado em 08/01/2018 - 17:08 Por Apresentação Isabela Azevedo - Brasília

Olá, eu sou a Isabela Azevedo e está começando mais uma versão reduzida do Na Trilha da História. Nós reservamos este primeiro programa de 2018 para fazer uma homenagem ao jornalista Carlos Chagas, que nos deixou no dia 26 de abril do ano passado.

 

Um mês antes, ele concedeu sua última entrevista, justamente para o Na Trilha da História. O assunto foi o golpe de 64, tema que ele dominava completamente, já que foi repórter e editor de política do jornal O Globo na época em que os militares assumiram o poder.

 

Chagas também escreveu o livro A ditadura militar e os golpes dentro do golpe e foi professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), onde lecionou diversas matérias, incluindo História da Imprensa. É com muito carinho e muita saudade que vamos reprisar essa entrevista. Nossa História começa em 1961, com a renúncia do presidente Jânio Quadros. Antes de terminar o primeiro ano de mandato, Jânio abandona a presidência.

 

Sonora: "Foi eleito com seis milhões de votos. Naquela época era o máximo. No entanto, ele não gostava do Congresso e queria ser ditador total. Então, resolveu renunciar para, logo depois, voltar. Ele achava que o povo iria para a rua pedindo que ele voltasse. Ele já tinha usado essa artimanha várias vezes. Ele renunciou como candidato, ele renunciou como governador de São Paulo, mas sempre de mentirinha."


Enquanto isso, o vice-presidente João Goulart estava em viagem à China comunista. Suas ideias reformistas não agradavam aos militares e ele volta ao Brasil sob a ameaça de não assumir o Palácio do Planalto. Com apoio do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que faz uma grande campanha pela posse de Jango, a Constituição é cumprida. João Goular coloca a faixa de presidente do Brasil, porém num sistema parlamentarista.

 

Sonora: “Mas o Jango foi tomando conta do governo, governando muito mais que o Tancredo, que era o primeiro-ministro. Num sistema de parlamentarista, o primeiro-ministro é que manda. O presidente é meramente decorativo. Mas estamos no Brasil. E no Brasil é diferente. Nosso parlamentarismo foi diferente,e o Jango estava governando cada vez mais. Até que um belo dia o Congresso se reúne, revoga o Parlamentarismo e dá ao Jango todos os poderes de um presidente da República."


Com os poderes totais de um presidente da República, Jango reforça o discurso das reformas de base, defendendo especialmente a reforma agrária. Com apoio da Igreja, das elites produtoras e população mais conservadora, os militares agem.

 

Sonora: "Mas resultado: eles botam a tropa na rua. Os tanques começam a ir para a rua no dia 30 de março. Mas, no 31, o Jango estava no Rio de Janeiro, mas sentiu que o Rio de Janeiro todo estava contra ele. Era uma cidade de classe média, fundamentalmente. O governador da Guanabara era Carlos Lacerda, um sujeito conservadoríssimo, mas um sujeito que tinha muita popularidade. Ele se lança contra o Jango, e o Jango tenta organizar as forças militares que ele tinha também, mas aí já não consegue nada."

 

Jango ainda tenta reverter a situação.

 

Sonora: “Então Jango vem para Brasília, aqui era a capital do país, mas também não consegue o apoio aqui. O Exército, a Marinha, todos já estavam contra ele e iriam prendê-lo. Ele, então, vai para o Rio Grande do Sul, tentando reviver aquela epopeia do Brizola, quando ele, Jango, tomou posse. No entanto, não consegue. Ele não tem mais nem o apoio do pessoal do Rio Grande do Sul."

 

Enquanto Jango ainda estava no Rio Grande do Sul, o presidente do Senado, Mauro de Moura Andrade, declara vago o cargo de presidente da República.

 

Sonora: "O Mauro de Moura Andrade faz mais uma daquelas sessões do Congresso e declara 'neste momento por conta da confusão danada que está aí no país, eu declaro vaga a presidência da República.”

 

Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História. O episódio completo traz, além da entrevista na íntegra com o jornalista Carlos Chagas, músicas lançadas em 1964, 1965 e 1966. Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. Se você quiser enviar uma sugestão de tema para o programa o email é culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!

 

 

Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula. É publicado semanalmente. Acesse aqui as edições anteriores.

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