PF investiga se ex-mulher de Cabral usou obras de arte para lavar dinheiro
Calicute e Eficiência
Publicado em 09/05/2017 - 09:54 Por Joana Moscatelli - Rio de Janeiro
A Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro cumpriu dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Suzana Neves, ex-mulher do ex-governador Sérgio Cabral. De acordo com as investigações das Operações Calicute e Eficiência, desdobramentos da Lava Jato no Rio, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam o crime de lavagem de dinheiro por meio de obras de arte.
Segundo o Ministério Público Federal, Suzana Neves comprou, em nome de sua empresa Araras Empreendimentos Consultoria e Serviços, um imóvel em São João del-Rei, no estado de Minas, por R$ 600 mil sem que, aparentemente, tivesse recursos de origem lícita compatível.
Ainda de acordo com o Ministério Público, o imóvel é utilizado para guardar bens de valor adquiridos com recursos ilícitos da organização chefiada por Cabral, como obras de arte. Além disso, a Receita Federal detectou que a Araras Empreendimentos teve movimentação financeira incompatível com a receita bruta declarada. Toda a movimentação aponta para lavagem de dinheiro de propina paga à organização criminosa em contratos que o governo do Estado do Rio firmou com a FW Engenharia.
De acordo com o Ministério Público, as oito denúncias já apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato no Rio revelam como Sérgio Cabral instituiu, ao assumir o governo estadual, em 2007, um esquema de cartelização de empresas e favorecimento em licitações, mediante pagamento de propina de cerca de 5% em todas as grandes obras públicas de construção civil. As investigações mostram que a organização desviou mais de US$ 100 milhões dos cofres públicos. Procurados pela reportagem, os advogados de Sérgio Cabral e Suzana Neves não se posicionaram.